Recife lança locação de carro híbrido
30/01/2014

Fiat500

Adriana Guarda

RECIFE – Um projeto-piloto de carro de aluguel vai começar a operar em maio, no Recife (PE). A iniciativa é uma parceria entre o Porto Digital (centro de inteligência em tecnologia da informação do Recife) e a empresa pernambucana Serttel, que começa a desenhar seu nome no cenário de serviços voltados ao ramo de transporte de passageiros, em termos do sistema de locação de veículos com pontos de locação e entrega dos mesmos. O modelo de compartilhamento dos automóveis será semelhante ao aluguel de bicicletas, implementado pela Serttel em sete cidades no País.

Na fase inicial de testes serão disponibilizados três Fiat 500 e seis estações de aluguel e devolução dos veículos, no Bairro do Recife (área histórica da capital pernambucana). Atualmente, a Serttel afirma atuar com cinco frentes de negócios, como a área de rede de semáforos (35%), o segmento de bicicletas públicas (25%), a fiscalização eletrônica urbana (20%), os estacionamentos públicos (20%) e, por fim, a operação de trânsito (20%).

“Daqui a dois anos, em 2016, queremos alcançar um faturamento de R$ 300 milhões. A empresa cresce a média de 50% ao ano e para garantir fôlego a essa expansão estamos realizando investimento médio anual na casa de R$ 15 milhões. Contratamos a Deloitte para fazer um business plan (plano de negócio) e apontar novas possibilidades de negócios e caminhos para captação de recursos”, declarou o presidente da Serttel, Angelo Leite.

Sobre o projeto-piloto, Leite observa que “quando a proposta estiver mais madura, a ideia é que os carros tradicionais sejam substituídos por modelos elétricos. O objetivo do compartilhamento, por si só, já é uma tentativa de contribuir com a mobilidade e a diminuição das emissões de gás carbônico”. O executivo diz que o valor do investimento no projeto não está fechado, mas a iniciativa conta com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação e do governo do Estado.

Tecnologia e serviços

A tecnologia usada no compartilhamento dos carros será semelhante a do aluguel de bicicletas. As estações serão monitoradas a distância e cada veículo terá um chip que se comunica com o sistema de controle, informando quando o carro é retirado e devolvido nas estações.

O sistema trava e destrava os veículos nas estações e também pode bloquear o uso à distância. O Porto Digital e a Serttel ainda não definiram quanto vai custar o aluguel. Diferente da experiência das bicicletas, o projeto não conta com patrocínio. O que existe é uma parceria com a Fiat, que doou os carros. A montadora está construindo uma fábrica em Pernambuco e tem interesse em estreitar relações com o Estado.

O tempo de aluguel dos veículos vai variar de trinta minutos a uma hora, conforme explicou o executivo. Se o prazo de uso for ultrapassado, o usuário pagará uma taxa extra por cada meia hora excedente. Para alugar o veículo, as pessoas terão a opção de comprar um passe mensal ou diário. O usuário poderá acessar o serviço de socorro, no caso de o automóvel quebrar durante o aluguel.

“Nossa estratégia é tropicalizar experiências internacionais. O projeto das bicicletas foi inspirado no modelo francês e o aluguel dos carros já é praticado em Paris e nas cidades inglesas de Conventry e Birmingham”, diz Leite.

Com 25 anos de atuação, a Serttel está atenta a novas oportunidades e, por conta disso, afirma estar se credenciando para disputar mercado com os grandes players mundiais no segmento.

Internacionalização

Neste ano, a Serttel vai alçar seu primeiro voo internacional, com a implantação de um projeto público de bicicletas em Buenos Aires. A estratégia de extrapolar as fronteiras nacionais é apenas parte do business plan da empresa, que está disposta a captar recursos no mercado, seja por fusão ou por participação de fundos. Depois de crescer 55% em 2012, a Serttel fechou 2013 com avanço de 65% no faturamento. Para 2014 a projeção é crescer 35%.

A Serttel é um exemplo de empresa que conseguiu crescer sustentada pela inovação. Quando foi criada, em dezembro de 1988, surgiu de olho no setor de telecomunicações. Prestava serviço à extinta Telpe (companhia estatal de telefonia), consertando os teclados de telefones que eram fornecidos aos usuários. Três anos depois começou a desenvolver equipamentos de controle para semáforos.

Professor Pardal

Angelo Leite não está à frente de um negócio desse porte à toa, ao contrário. O executivo demonstra que sempre teve vocação para “Professor Pardal”. Afinal, além de inventor, ele conta que também tinha desenvoltura com elétrica. Aos 12 anos de idade instalou o sistema de iluminação da igrejinha da comunidade onde morava em Santa Maria da Boa Vista, no Sertão do São Francisco.

Depois de cursar engenharia elétrica na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Leite ressalta ter começado como estagiário e, depois, conseguiu virar sócio da Serttel – com 10% de participação. Hoje, o executivo garante deter 80% do negócio, e manteve a tradição de vender fatia no negócio à prata da casa. Dos cinco sócios, todos eram funcionários e três entraram como estagiários.