Fonte: Jornal do Commercio (RS)
O uso da bicicleta vem se popularizando, e a adoção de políticas públicas nesse sentido é fundamental para não só promover a adesão às bikes, como também para consolidar melhor a infraestrutura para os ciclistas, o que pressupõe, ainda, ações de educação de trânsito.
Não é tarefa simples, mas começa a ganhar forma. A iniciativa das bicicletas de aluguel é um exemplo pujante nas cidades que implantaram o sistema desenvolvido pelo Grupo Serttel, dedicado a buscar soluções para a mobilidade urbana.
Iniciado entre 2008 e 2009, decorrente de parceria entre o poder público e a empresa, o projeto das bicicletas de aluguel começou no Rio de Janeiro, com o Bike Rio, e logo se expandiu para outras cidades, como São Paulo, Santos, Sorocaba, Recife, Petrolina e Salvador. Em Porto Alegre, o Bike POA foi lançado em 22 de setembro de 2012, e, segundo o diretor do grupo Serttel, Peter Cabral, já nasceu com potencial para interferir de forma positiva na mobilidade urbana da cidade.
“Sentimos que o sucesso foi muito rápido e que a sociedade abraçou o projeto de forma unânime. Em menos de dois anos, já tem um uso arraigado, uma tradição muito forte”, comemora. Cabral credita esse resultado à forma como o projeto foi implantado na Capital. “Esse processo ocorreu de forma muito orgânica em Porto Alegre, e eu atribuo isso à própria elaboração do projeto Bike Poa. Houve um trabalho muito forte na escolha dos pontos em que seriam instaladas as estações”, comenta, elogiando a iniciativa da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), que, segundo afirma, conseguiu indicar locais com maior demanda para o uso das bicicletas e as áreas da cidade mais propicias para suportar a instalação das estações e a mobilidade dos ciclistas. “Há uma sinergia alta”, acrescenta.
O presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, informa que já são 39 estações em operação, com 390 bicicletas, e que há intenção de instalar mais uma estação no Estádio Beira-Rio, preferencialmente, antes do início da Copa do Mundo. Tudo vai depender do desenvolvimento das obras, mas a intenção é de multiplicar a iniciativa gradativamente.
Por trás da expansão das estações do Bike POA reside uma característica importante: as bicicletas de aluguel vão além do uso ocasional e já não são mais locadas apenas para uso recreativo. E não são necessários muitos recursos para comprovar a tese, basta observar o uso das bikes no dia a dia. O presidente da Associação dos Ciclistas de Porto Alegre (ACPA), Pablo Weiss, confirma que, inicialmente, as bicicletas tinham mais saída nos finais de semana, situação que, em pouco tempo, mudou. “Hoje, a gente percebe que muitas pessoas utilizam as bicicletas nos trajetos diários, e isso ocorreu porque o número de estações foi aumentando, o que facilita o deslocamento.”
Aumentar o número de estações tem efeito significativo para os usuários por uma série de razões. Além de aumentar o número de bicicletas disponíveis, garante o cumprimento do prazo de entrega do equipamento (viagens de até uma hora são gratuitas) e, principalmente, permitem o alcance a pontos diversos e distintos da cidade. Tudo isso sem que o ciclista tenha que se preocupar em guardar a bicicleta, já que basta entregá-la na estação. Para quem não quer ter o trabalho de guardar uma bicicleta em casa é uma solução eficiente.
O aluguel de bicicleta é feito mediante cadastro prévio e pagamento mensal de R$ 10,00, que cobre custos ínfimos de manutenção, explica Cabral. As equipes da empresa percorrem as estações diariamente, fazendo os reparos necessários. O diretor do grupo Serttel esclarece que os usuários são conscientes e fazem bom uso do equipamento, tendo também atuação proativa quando identificam necessidade de reparos. A empresa disponibiliza serviço telefônico para contato com os ciclistas.