Mais corredores monitorados
24/01/2014

OrientJC

A partir de segunda, 80 orientadores começam a trabalhar nas Avenidas Rui Barbosa, Norte, Parnamirim e Rosa e Silva

Margarette Andrea

Nem sempre o sinal verde é sinônimo de passagem livre no trânsito. Fazer o motorista recifense assimilar essa realidade (que contraria a regra básica aprendida na infância), apenas na conversa, tem sido uma das principais tarefas e dificuldades dos orientadores de trânsito. Com fardamento amarelo e apito na boca, mas sem poder de multar, 64 deles atuam na Avenida Agamenon Magalhães, um dos principais corredores de tráfego da cidade, desde 11 de dezembro passado, tentando dar maior fluidez ao tráfego. Na próxima segunda-feira, outros 80 começam a trabalhar nas Avenidas Rui Barbosa, Norte, Parnamirim e Conselheiro Rosa e Silva, todas na Zona Norte e com grande fluxo.

Os novos orientadores vão atuar nos 18 cruzamentos das quatro vias, que, juntas, recebem cerca de 115 mil veículos por dia. “A experiência vivida na Agamenon (por onde trafegam cerca de 89 mil veículos diariamente) deixa claro que houve ganho de mobilidade, que deve se repetir nas outras vias onde esses profissionais vão atuar”, avalia a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, acrescentando que a aceitação desses novos profissionais tem sido muito boa.

Na Agamenon, bastam alguns minutos de observação para perceber que muitos motoristas já respeitam os orientadores, param rapidamente ao seu apito e agradecem as instruções. Outros não aceitam parar no sinal verde para não fechar o cruzamento e ficam buzinando. E há quem peça ajuda, como o policial militar Davi Ramos, 42 anos, que parou para avisar de uma colisão num trecho da avenida, fato informado na hora, via rádio, à Central de Monitoramento da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). “Eles são úteis, ajudam o trânsito a fluir”, disse o PM. “Acho que, para o pedestre, fazem mais efeito do que os agentes”, complementou a estudante Analice Ferreira, 23.

CRÍTICAS

Entre as pessoas ouvidas pelo JC, todas avaliaram como positiva a presença dos orientadores. As críticas foram de que os apitos são usados em demasia e confundem os motoristas e que alguns ficam conversando e não dão conta de tantos cruzamentos. “Já fizemos algumas substituições por comportamento e estamos sempre monitorando o trabalho, que inclui dar atenção aos pedestres, ajudar em caso de acidentes e carros quebrados, estimular ações de cidadania”, informou o gerente de projetos da Serttel (contratada para executar o serviço), Sérgio Müller. “Houve até um caso de um senhor de 65 anos que caiu no canal e um orientador mergulhou para tirá-lo. Torceu o pé, mas outros o ajudaram a resgatar o idoso, que estava com hipotermia.”

AMPLIAÇÃÃO

A previsão é de, até maio, 372 orientadores estarem atuando nas ruas da cidade, em 12 grandes corredores, como as Avenidas Mascarenhas de Morais, na Imbiribeira, e Domingos Ferreira, em Boa Viagem, Zona Sul. Com apoio de engenheiros, inspetores, inspetores-auxiliares e motoristas, haverá 460 profissionais. O contrato é de 12 meses, com serviço das 6h às 21h e custo total de R$ 18,5 milhões. Conforme a CTTU, além do incremento de pessoal, houve a implantação de um sistema informatizado de gestão operacional para controle das equipes.

“Maioria respeita e elogia o trabalho”

JC – Como você se tornou orientador de trânsito?
JOSENILSON CLEMENTINO – Passei oito anos no Exército, meu contrato estava acabando, me disseram que a Serttel procurava pessoas para orientar no trânsito. Mandei currículo, fui selecionado, fiz curso e estou aqui desde 23 de dezembro.

JC – E você diria que o trabalho de orientador tem tido bons resultados em quais situações?
JOSENILSON – Os veículos têm respeitado a faixa de pedestre e estamos impedindo que fechem cruzamentos, então o trânsito flui melhor.

JC – As pessoas questionam o papel do orientador?
JOSENILSON – Muita gente pergunta se podemos multar. Esclareço que não, mas que, em situação irregular, passo um rádio para a Central de Operações e ela manda um agente.

JC – Você já passou por alguma situação difícil?
JOSENILSON – Não, nenhuma. Só coisas normais do dia a dia.

JC – No Rio de Janeiro, onde esse serviço começou, os orientadores eram bastante xingados no início. Aqui tem acontecido isso?
JOSENILSON – Há gente que xinga, faz até gestos obscenos. Mas é uma minoria, a maioria tem elogiado e respeitado o nosso trabalho.

JC – Em que situações as pessoas reclamam?
JOSENILSON – Tem gente que não gosta dos apitos. E também quem fica com raiva porque paramos os carros para não fecharem o cruzamento. E alguns pedestres querem passar com o sinal aberto para os carros. Mas isso tem melhorado.

JC – Do que você mais gosta no seu trabalho?
JOSENILSON – Quando o motorista ou o pedestre fica feliz e acena pra gente com um sinal positivo.

Jornal do Commercio, Cidades