No ano em que completa 12 anos de existência, o Porto Digital lan- çou duas novidades nos 149 hecta- res que ocupa no centro histórico do Recife e num quadrilátero no bairro Santo Amaro: o PortoLeve, criado no primeiro semestre, que demandou investimento de R$ 1,6 milhão para implantar o sistema de aluguel de bicicletas, integrado aos estacionamentos do parque tecnológico; e o Portomídia, lançado em agosto para abrigar o desen- volvimento de economia criativa — o aporte foi de R$ 24 milhões.
Hoje, o Porto Digital abriga 240 empresas, emprega 7.100 pessoas com média salarial de R$ 2.800 e fatura cerca de R$ 1 bilhão por ano — a maioria é originada de contratos fora do Estado de Pernambu- co. No início do projeto, em 2001, eram três firmas e 46 trabalhado- res. Existem no local, ainda, três incubadoras, 15 empreendimentos incubados, duas instituições de ensino, duas de pesquisa e qua- tro entidades empresariais.
O centro de economia criativa do Porto Digital pretende ser co- nhecido internacionalmente. Oferece infraestrutura e programas de qualificação. Seis áreas são prio- rizadas: multimídia, cinema, ga- mes, design, fotografia e música.
De olho na oportunidade, a 4a Dimensão, que surgiu há dois anos como empresa de Tecnologia da Informação (TI) para aplicati- vos voltados às crianças, vislum- brou no audiovisual a chance de se consagrar na área de produção de conteúdo digital de entreteni- mento.“Há mais ou menos um ano foi aberto o edital de inscrição para a área de economia criativa, para empresas que quisessem ser incubadas. Nos inscrevemos e, há seis meses, começamos a receber todo o apoio para desenvolver nos- so produto”, conta um dos quatro sócios da empreitada, Leandro Melo. Há quatro meses a startup Mr. Plot foi oficialmente criada e o grupo selecionado para permanecer incubado por mais seis meses.
“Já tínhamos o projeto em andamento. Nos inscrevemos visando usufruir a parte da infraestrutura, ilha de edição e outros equipamentos, já que animação é algo muito caro de se fazer. Sem con- tar que as consultorias administrativa e jurídica também ajudaram muito”, conta Melo. Para dar vida à Mr. Plot foram investidos R$ 70 mil, de recursos próprios, montante que já chega a R$ 400 mil – boa parte fruto de contratos. Apesar do pouco tempo de vida, a startup já conquistou a Sony e um canal de TV a cabo com asérie “Bita e os Animais”.
O Porto Digital também se destaca quando o assunto é mobilidade urbana. Em janeiro foi criado o PortoLeve, sistema de aluguel de bicicletas que permite desloca- mentos em toda a área do parque tecnológico. São 100 delas espalhadas por dez pontos estratégicos. Os bicicletários são integrados aos estacionamentos. “Aproveitamos para desenvolver TI em cima disso”, diz Angelo Leite, presidente do Serttel, criador do aplicativo. Por meio dele é possível saber onde há vagas disponíveis em estacionamentos públicos e privados. Além disso, os comprovantes de “zona azul” foram substituídos pelo pagamento com cartão de crédito por meio do smartphone.
Outro ponto é o sistema de segurança do parque tecnológico, também criado pelo Serttel. Os semáforos não têm fios e as câmeras inteligentes fazem a leitura das placas dos carros. Além disso, as câmeras possuem percepção sensorial para detectar barulho de tiro, acidente e aglomerações.
Para o presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, boa parte dos resultados se deve ao programa de qualificação de capital humano. “Tínhamos uma carência de mão de obra enorme nesse setor. Com a melhoria na qualificação e produtividade, oferecida a estudantes e empregados das companhias, mitigamos o efeito da disputa pelos profissionais.”
Fonte: Brasil Econômico, 23/10/2013